Não ir embora
Não ficar
A areia sob os pés queimados
se desfaz
quente
com o vento
Nos recusamos a partir
como o tempo
escorre
nossos dedos
Não sabemos contar
Não nos importa
Não ir embora
Nem ficar
Quem sabe ao certo quantos anos
tem o mar
à nossa frente
Quantas vezes a corrente o arrastou
a outro lugar
distante
tão distante
da sua gente
Não ir embora
Nem ficar
Se mergulhamos agora – nós
eles, não –
viramos a serpente do Atlântico
Jamais nos encontrarão
em Atlantis
nem carcaça
Seremos a sereia expiatória que se dá
de graça
aos deuses
- sem espernear -
Não ir embora
Nem ficar
De nada valerá
os adeuses
Não ir embora
Nem ficar
Estar
Flanando
No espaço
No vácuo
Daquilo que é
Não estar